Artigo já terminou no dia 18/01/2025
PORTALS | Laleh Khorramian e Alia Farid
Information
A presente exposição mostra obras de Laleh Khorramian e Alia Farid, numa apresentação dupla única em Lisboa. Reunindo têxteis, colagens e vídeo, as duas artistas fundem linguagens ritualísticas e transcendentes, através da conjuração do espaço-tempo. Ao fazê-lo, evocam a possibilidade de ascensão física, partindo de uma narrativa de deslocamento e relocalização para imaginar dimensões alternativas e realidades paralelas.
A experiência de Laleh Khorramian enquanto iraniana de primeira geração criada nos Estados Unidos informa o tema central do seu trabalho: "o indivíduo deslocado, enquanto mulher e criadora, navegando pela diáspora de uma surreal experiência migratória."1 Desenvolvendo uma prática de desenho, pintura e colagem que se expande através da animação em stop-motion, caixas de luz e têxteis, a principal técnica de Laleh Khorramian é a monotipia, que utiliza em variações de padrões e cores. Nesta exposição apresenta uma instalação de grande escala composta por têxteis desenvolvidos entre 2020-22, que a artista compôs como pinturas em rolo, incluindo diversas técnicas, do stencil à assemblage, e que traduzem técnicas pictóricas reenquadradas enquanto tecnologia digital e devolvidas ao suporte têxtil. Combinando as suas habilidades intuitivas enquanto criadora de moda e curiosa remisturadora de linguagens visuais, estas peças incluem pontos e stencils de vestes celestiais retro-futuristas, assim como detalhes em seda tingida à mão e pedaços de folhas de ouro. Laleh Khorramian exibe também a colagem Egg Rig (2019), que alude a uma cartografia imaginária de um mundo alternativo, e produziu para esta exposição uma nova comissão, The Bones in the Garden (2024), instalada nas janelas da fachada da galeria, que envolve o espaço como um portal reverberante e limiar luminoso. Um portal que opera "como uma miragem de um jardim no meio da destruição, por baixo do qual se encontram a história, ossos, corpos e o pó de séculos invisíveis, sem fim.” 2
At the Time of the Ebb (2019), de Alia Farid, foi filmado ao largo da linha d’água perto de Sharjah, no ponto nos Emirados Árabes Unidos mais próximo do Irão. Encomendado para a Bienal de Sharjah desse ano, o vídeo explora as tensões entre fronteiras coloniais, recursos e movimento, através de um ritual do solstício de verão, quando os pescadores jejuam e prestam agradecimento à natureza pela sua generosidade. Documentando gestos performativos como uma invocação aberta, os filmes de Alia Farid são frequentemente rodados sem guião, dependendo de elementos emergentes – a transformação de um tapete de sala num disfarce, ou de um lençol numa máscara –, retratando narrativas menores e a capacidade de improvisação da vida, na sua relação com a natureza, a paisagem, o lixo e objetos do quotidiano. Prestando homenagem a concepções pagãs de reverência e proteção da Terra, o trabalho de Alia Farid estabelece muitas vezes ligações entre redes de solidariedade e histórias de migração, entrelaçando a sua própria trajetória, que se estende do Kuwait a Porto Rico, através de narrativas, esculturas, tapeçarias e práticas de imagem em movimento.
Curadoria de Margarida Mendes
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