Artigo já terminou no dia 30/11/2023
Espetáculo "Café Bonheur" de Matei Visniec
Información
A companhia de teatro Escola da Noite de Coimbra apresenta o espetáculo "Café Bonheur" de Matei Visniec, no Teatro da Cerca de São Bernardo. O espetáculo reúne uma seleção de peças curtas do dramaturgo romeno e a estreia está marcada para o dia 9 de novembro de 2023, às 19h00. É a primeira vez que Matei Visniec assume o "papel" de encenador num palco profissional. O espetáculo revela-se como um manifesto político em forma de "cabaré poético". Trata-se de uma "fábula filosófica" que nos convida a refletir sobre a sociedade de consumo, o individualismo e todas as formas de manipulação e "lavagem cerebral".
A companhia Escola da Noite
produziu até à data três peças do dramaturgo romeno: "Da sensação de
elasticidade quando se marcha sobre cadáveres" (2014, encenação António
Augusto Barros), "Palhaço Velho, Precisa-se" (2020, encenação António
Augusto Barros) e "A mulher como campo de batalha" (2020, encenação Sofia
Lobo). Desta vez, a companhia de teatro de Coimbra convidou o escritor para se "estrear"
como encenador e ser ele próprio a dirigir a montagem. A menos de um mês da
estreia, Matei Vi?niec afirma que está a ser "uma experiência cultural e
humana única, repleta de momentos artísticos intensos e ricos em emoções".
O espetáculo "Café Bonheur"
ficará em cena até 30 de novembro de 2023 (quartas e quintas às 19h00, sextas e
sábados às 21h30 e aos domingos às 16h00) e reúne uma equipa romena e uma
portuguesa.
Texto e encenação: Matei Visniec
Cenografia: Andra Badulescu Visniec
Figurinos: Andra Badulescu Visniec e Ana Rosa Assunção
Coreografia: Malina Andrei
Música e desenho de som: Claudiu Urse
Participação extraordinária com duas criações de vídeo: Mircea Cantor
Elenco: Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash, Maria Quintelas
Desenho de luz: Danilo Pinto
Vídeo: Eduardo Pinto
Som: Zé Diogo
Com o apoio do ICR Lisboa, a
jornalista cultural e crítica de teatro Raluca R?dulescu proferirá no dia 10 de
novembro de 2023, depois da apresentação do espetáculo "Café Bonheur"
no Teatro da Cerca de São Bernardo, uma palestra sobre a dramaturgia romena no
espaço lusitano, na presença de Matei Vi?niec e da equipa de atores.
Raluca R?dulescu é jornalista,
tradutora, curadora de teatro e doutora em filologia pela Universidade de
Bucareste. Desde 1999 trabalha como jornalista na Rádio Roménia, onde desde
2017 realiza o programa "O palco e a tela" transmitido diariamente na
Rádio Roménia Cultural. Desde 2005 traduz do russo para o romeno, especialmente
livros de teatro, como "O trabalho do ator consigo mesmo", de K.S.
Stanislávski, Diário de Vaslav Nijinsky ou Andrei Tarkovski, mas também peças
de Tchékhov e Gorki a autores contemporâneos da Rússia, Bielorrússia, Ucrânia.
Foi curadora e conselheira em vários festivais de teatro, organizando também oficinas
e laboratórios com artistas estrangeiros em teatros da Roménia. Em 2014 recebeu
o Prémio Especial UNITER pela tradução de um livro fundamental na prática e
teoria teatral, "O trabalho do ator consigo mesmo" de K.S.
Stanislávski. Em 2020, foi indicada ao Prémio UNITER, categoria crítica de
teatro.
Matéi Visniec é
autor de cerca de quarenta peças de teatro representadas em toda a Europa e
também no Brasil, nos Estados Unidos, no Japão e na Turquia. Nascido na Roménia
em 1956, Matéi Visniec descobriu muito cedo na literatura um espaço de
liberdade. Na sua juventude, inspirou-se em Kafka, Dostoievski, Camus, Beckett,
Ionesco, Lautréamont. Naquela época, na Roménia de Ceausescu, apreciava
sobretudo os surrealistas, os dadaístas, as narrativas fantásticas, o teatro do
absurdo e do grotesco, a poesia onírica e até o teatro realista anglo-saxónico."Em suma – afirma – quase toda a experiência literária
excepto o realismo socialista imposto pelo poder".
Mais tarde, tendo partido para Bucareste para estudar Filosofia, tornou-se
muito activo no seio da geração de 1980 que alterou a paisagem poética e
literária da Roménia. Tendo-se tornado autor proibido no seu país natal, Matéi
Visniec escolheu o exílio em 1987. Conseguiu partir para França onde obteve o
estatuto de refugiado político e, mais tarde, a nacionalidade francesa. Começou
a escrever directamente em Francês a partir de 1990 e trabalhou como jornalista
em Paris, na Rádio France Internationale entre 1990 e 2022. Após a queda de
Nicolae Ceausescu, Matéi Visniec tornou-se o autor mais frequentemente encenado
na Roménia. Viveu sempre entre a França e a Roménia, entre o Este e o Oeste,
entre duas culturas, duas línguas e duas sensibilidades. "Profundamente ligado aos valores da União Europeia", Matéi Visniec considera-se "um autor engajado, humanista, de cultura universalista". Continua a acreditar na resistência cultural e na
capacidade que a literatura tem de demolir totalitarismos e ideologias tóxicas,
bem como "as novas formas de
lavagem cerebral criadas pela sociedade de consumo e pela indústria de
entretenimento". As suas peças escritas
em Francês estão publicadas pelas editoras Actes Sud-Papiers, Lansman, Espace
d`un Instant, Non Lieu, L`oeil du Prince. Traduzidas em várias línguas, as suas
obras foram exibidas em cerca de trinta países, entre os quais Portugal. Visniec
é também autor de vários livros de poesia, de seis romances e de um livro de
contos. A sua actividade literária foi distinguida com vários prémios, entre os
quais o Prémio Europeu da Sociedade de Autores e Compositores Dramáticos de
França e o Prémio Jean Monnet das literaturas europeias.