Artigo já terminou no dia 18/12/2016
Uma janela para a China contemporânea no Museu do Oriente
Información
O olhar contemporâneo de três artistas chineses sobre a sua terra natal, traduzido em colagens fotográficas, pinturas e desenhos a carvão, mostra a China atual, com todas as suas incongruências, disparidades e desigualdades. Esta é a proposta da exposição “China Hoje: a desafiar os limites”, que inaugura a 27 de outubro, às 18.30, no Museu do Oriente.
Dividida por três núcleos autorais e temáticos, num total de 17 obras, os artistas Qiu Jie, Du Zhenjun e LiFang analisam, em linguagens visuais e discursos distintos, os temas da sustentabilidade ambiental, a procura da identidade chinesa ou a luta por uma maior liberdade de expressão, suscitando uma reflexão sobre as problemáticas sociais e políticas que marcam a China contemporânea.
No núcleo “Cidadania Cultural”, Qiu Jie defende a garantia dos direitos culturais dos cidadãos, como motor para a surgimento de uma nova consciência política. Nos seus desenhos a carvão, técnica chinesa ancestral, surgem o Presidente Obama, uma pin-up, um soldado da Revolução ou um retrato de Mao Tsé-Tung com cabeça de gato. Descrito como “pop político”, por confrontar a história da sociedade chinesa com imagens da cultura popular ocidental, o trabalho de Qiu Jie retrata a ambivalência do percurso pessoal do artista, actualmente a viver fora do seu país.
Du Zhenjun, autor do núcleo “Limites para o Crescimento”, apresenta uma visão distópica das transformações profundas que a China tem vindo a sofrer desde a Revolução Cultural, em oito trabalhos de grande formato. Em técnica mista, estas colagens fotográficas traduzem a ascensão do capitalismo desenfreado das duas últimas décadas e seus devastadores efeitos ambientais, como a poluição e a escassez de recursos naturais, ou ainda a explosão demográfica. Em todos os trabalhos, a Torre de Babel do capitalismo ergue-se ao fundo, numa alegoria à estória bíblica da destruição que se abateu sobre a humanidade para castigar a sua ambição cega.
O conjunto de seis pinturas que compõe “Liberdade de Expressão”, da autoria de LiFang, é uma representação impressionista do ciberespaço e uma referência direta ao artista Ai Weiwei e à repressão de que foi alvo. Em 2011, Ai Weiwei pousou nú com as suas quatro assistentes tendo, posteriormente, difundido as imagens nas redes sociais afirmando que “nudismo não é pornografia”. A rede social Facebook censurou as imagens, desactivando a página do artista mas Ai Weiwei continua a lutar por maior transparência e liberdade para o domínio público na China, luta essa a que LiFang pretende dar continuidade. O espaço de liberdade pretendido é também digital: Facebook, Twitter, Wikipedia e YouTube estão bloqueados na China e, o motor de busca Google, permanece sem condições para operar.
Exposição
“China Hoje: a desafiar os limites”
De terça-feira a
domingo das 10h00/18h00
(à sexta-feira o horário prolonga-se até às 22.00)
Preço: € 6,00
(entrada no Museu do Oriente)
Curadoria: Helena Silva Correia