“A Coleção da CHPR em diálogo” exposição
Informação
Inaugurada há quinze anos em Cascais a Casa das Histórias Paula Rego, museu monográfico dedicado à artista contemporânea portuguesa mais conhecida mundialmente, é um marco no panorama cultural do país. Nessa mesma altura, começou a ser construída a Coleção da Casa das Histórias Paula Rego, foco da nova exposição “A Coleção da CHPR em diálogo”. A mostra é uma iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais no âmbito das comemorações do aniversário do museu. Para ver a partir de 31 de outubro.
No edifício projetado pelo vencedor do Pritzker, o arquiteto Eduardo Souto de Moura, há 15 anos que a Casa das Histórias Paula Rego tem vindo a desenvolver uma vasta e cuidada programação expositiva em torno do universo temático, narrativo e disciplinar de Paula Rego, posicionando o museu não apenas como um local privilegiado para a fruição da obra de Paula Rego em Portugal, mas também como um centro de referência para projetos internacionais dedicados à artista.
Pertencente à Câmara Municipal de Cascais, a Coleção da Casa das Histórias Paula Rego surgiu em paralelo à criação do museu em 2009, e desde então tem-se assumido, no contexto nacional e internacional, como uma das mais significantes para o aprofundamento do conhecimento da obra da artista. “A Coleção da CHPR em diálogo”, a nova exposição que o museu inaugura no próximo dia 31 de outubro, será a mais abrangente mostra da Coleção alguma vez realizada.
“A atual exposição assume a plena missão deste museu ao disponibilizar a sua coleção de forma mais estável, durante um ano, e estabelecendo uma nova e estimulante leitura, que não obedece necessariamente ao critério cronológico, antes organizando as obras num novo diálogo que valoriza as especificidades do trabalho artístico de Rego e os diferentes aspetos em que se foi centrando ao longo de seis décadas”, afirma Catarina Alfaro, curadora e coordenadora da programação e conservação da Casa das Histórias Paula Rego.
Iniciada pela doação da artista da totalidade da sua obra gravada e mais de duas centenas de desenhos, a Coleção reflete o seu percurso artístico e criativo de cerca de cinco décadas de trabalho. A Coleção integra ainda uma obra têxtil de grandes dimensões, parte do seu espólio documental e uma pintura dos anos de 1950 doada pela família de Paula Rego em 2023. Vinte e duas obras em depósito, entre as quais desenhos, pinturas, esculturas e obras têxteis, completam a configuração atual da Coleção.
A Câmara Municipal de Cascais continua empenhada na expansão da Coleção, através da aquisição de obras das décadas de 1960 e 1970. A exposição “A Coleção da CHPR em diálogo” destaca a mais recente: uma obra de 1977 intitulada “Rei Canuto”, adquirida em 2023.
Na exposição, a Coleção do museu dialoga também com obras provenientes de instituições que têm desde há anos colaborado com a Casa das Histórias e com a Fundação D. Luís I, como a Fundação Millennium BCP, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, contribuindo para a qualidade e completude das exposições de Paula Rego que o museu apresenta.
Dividida em seis seções a exposição explora diferentes aspetos da obra de Rego. A primeira seção por exemplo, permite uma visão panorâmica da evolução técnica e estilística da artista através de obras produzidas entre 1954 e 1977. Outra seção destaca a única colaboração de Paula Rego com o teatro, expondo obras relativas aos figurinos que desenhou para o bailado “Pra lá e pra cá” (1989-99) do já extinto Ballet Gulbenkian.
Serão também mostradas, pela primeira vez, duas ilustrações que a artista fez para o livro de contos de Eric Jourdan “Barbe Bleu, Croquemitaine et Compagnie” (“Barba Azul, Papão e Cia”), publicado pela editora francesa Éditions de la Différence em 1986. Há, ainda, um núcleo de obras sobre a dimensão cénica que a sua obra adquire a partir dos anos de 1990, quer através da sua metodologia de trabalho, quer no cruzamento com outras manifestações artísticas como o cinema, a ópera, o teatro e a literatura. Na parte final da exposição, a curadoria dispensa especial atenção à “construção das personagens femininas que se destacam na sua obra pela imponência física e expressividade emocional”.
Na comemoração do aniversário, renova-se o compromisso com o pedido que Paula Rego fez há 15 anos: manter o museu vivo, despretensioso, e com a prática ativa do desenho a acontecer nas salas de exposição. Assim, além da abertura de uma nova exposição, o museu promoverá a partir de 31 de outubro a 4ª edição da “Oficina de Gravura”, com uma programação que inclui ateliês para todos, com cursos técnicos, workshops temáticos e dias de experimentação livre.
(fotografia)
Paula Rego. A gata nicotina, 2003
Pastel sobre papel, 104 x 79 cm
Coleção particular
Fotografia: cortesia Marlborough Fine Ar