O Arte Pela Palestina revela a programação completa da segunda edição de 2025, que decorre de 9 a 11 de outubro em Lisboa. Concertos, cinema, performances, teatro, gastronomia, exposições, conversas e workshops integram três dias de programação cultural multidisciplinar, distribuída por vários espaços, com epicentro na Casa do Comum mas também em parceria com instituições e coletivos como a Estrela da Bica, o Outra Cena e o Teatro do Bairro.
O evento abre no dia 8 de outubro com uma Soft Opening no Auditório Camões e na Casa do Comum (Piso 2), momento de arranque que antecipa os três dias de programação oficial. Esta sessão traz a primeira exibição em Portugal do filme “All That’s Left of You” (leg. inglês), realizado por Cherien Dabis, cineasta palestiniana radicada nos Estados Unidos, reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho em cinema e televisão (Only Murders in the Building, The L Word, Ozark). A estreia nacional desta obra é um dos grandes destaques do cinema palestiniano contemporâneo e volta a ser exibida no dia 9 de outubro, reforçando a aposta do evento na divulgação de cinema inédito e de qualidade.
No mesmo dia, o Auditório Camões recebe ainda a performance de dança contemporânea “Amor em Tempos de Apartheid”, do coreógrafo e bailarino palestiniano Sharaf DarZaid, com música ao vivo de Maen El Ghoul. Um solo de 35 minutos, seguido de conversa com o artista, que aborda de forma intensa os dilemas emocionais e políticos de viver sob ocupação, entre o amor à terra natal e o amor a uma parceira marcada pelas restrições da política israelita de unificação familiar.
Transformando em movimento realidades como a espera, o medo, a esperança ou a resistência, DarZaid dá corpo a uma história profundamente pessoal mas de alcance universal. A apresentação em Lisboa, com o apoio do Arte Pela Palestina, reforça a dimensão internacional da programação.
Ao mesmo tempo, será inaugurado o leilão solidário de obras de arte, uma das iniciativas centrais do projeto. Muitas das peças em exposição estarão disponíveis para licitação logo a partir do dia 8 de outubro, com a totalidade das receitas a reverter para apoio à Palestina. Já estão confirmadas doações de artistas e personalidades como Akacorleone, Fernanda Fragateiro, Gabriela Albergaria, Cristina Branco, Isabel Abreu, André Letria, Wasted Rita, Cristina Sampaio, Rita Red Shoes, Luca Argel, Luísa Sobral, Mantraste, Scuru Fitchadu, Catarina Sobral, Cara de Espelho, Sanja Vrzic & Diogo Pereira e muitos outros.
PROGRAMA
Concertos e performances musicais com artistas e coletivos que cruzam diferentes sonoridades e constroem pontes entre tradição e contemporaneidade. Em destaque, os mini-concertos de Benjamim, Carlos Bica & Gonçalo Neto, Orca e Tiago Gomes & Flak, a que se juntam os dj sets de Jorge Caiado b2b Bernardo Vaz, Luís Varatojo, Mãe Dela, Selecta Alice e Violet b2b Wugori, distribuídos pelos vários espaços. A programação inclui ainda performances de Handala Dabke, Joana Craveiro e Leonor Keil.
Cinema com duas sessões de curtas palestinianas: uma em colaboração com o Levante Cineclube, dedicada a filmes realizados por mulheres, e outra em parceria com o DIY Museum x Bay2Gaza's Solidarity Cinema #1, incluindo obras de referência como Mnemosyne.
Teatro com a leitura encenada de The Gaza Monologues, do coletivo palestiniano Ashtar Theatre, apresentada por Rafael Balão e interpretada por um notável conjunto de atrizes e atores: Cláudia Semedo, Filipe Vargas, Flávia Gusmão, Teresa Sobral, Tânia Alves, Cleo Diara, Jorge Corrula, Marina Albuquerque, Ana Palma, Jéssica Athayde, Margarida Bento, Cláudio Castro, Laura Longobardo, Mariana do Ó, Joaquim de Almeida e Raquel Tillo.
Exposições distribuídas pela Casa do Comum, Museu da Preguiça e corredores adjacentes, reunindo o trabalho de dezenas de artistas solidários com a causa palestiniana. Nesta secção, destaca-se ainda a parceria com a Insana, movimento dedicado a preservar o património e a amplificar as vozes de artistas e ativistas do Levante e de outros territórios. Transportando consigo as raízes das oliveiras da Palestina e cruzando horizontes com o Líbano e Portugal, a Insana afirma-se como um coletivo de mulheres que tece memória, identidade e criação num gesto simultaneamente artístico e político.
Gastronomia palestiniana com workshop de cozinha dinamizado por Manar Aali (mediante inscrição), que partilha saberes e sabores da Palestina nesta sessão participativa. Para além desta oficina, haverá jantares palestinianos todos os dias, proporcionando ao público a experiência direta da hospitalidade e da tradição culinária da Palestina.
Workshops criativos com nomes como Alexandre Esgaio (fanzines), Ana Carmela (bordado), Clara Rego (cerâmica) e Catarina Sobral (ilustração), permitindo ao público experimentar diferentes linguagens artísticas. Existirá ainda diariamente, como habitual, uma oficina de serigrafia DIY pelo Mosca Estúdio.
Conversas e debates que juntam académicos, artistas, coletivos e ativistas para refletir sobre a Palestina através da arte, da política e da cultura contemporânea. Entre os temas a abordar estão o boicote cultural, a edição independente e a arte interventiva.
O evento decorre em vários espaços da cidade, com epicentro na Casa do Comum mas também em parceria com instituições e coletivos como a Estrela da Bica, o Outra Cena e o Teatro do Bairro.
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Contexto e relevância
O Arte Pela Palestina nasceu como um gesto artístico e solidário e volta, em outubro de 2025, a afirmar-se como espaço de resistência e mobilização. O evento acontece num momento particularmente simbólico: em outubro assinalam-se dois anos desde a mais recente invasão da Faixa de Gaza, que alterou de forma trágica a vida de milhões de palestinianos. Realiza-se ainda poucos dias depois de Portugal ter reconhecido oficialmente o Estado da Palestina, a 21 de setembro, Dia Internacional da Paz — uma decisão histórica que reforça a urgência e a atualidade do gesto artístico e político que este projeto representa.
Arte e solidariedade lado a lado
Mais do que um evento cultural, o Arte Pela Palestina é um encontro de resistência, solidariedade e criação artística coletiva.
