Artigo já terminou no dia 15/11/2024
Corpo Clandestino | Victor Hugo Pontes
Informação
Corpo Clandestino é um lugar de fala de sete intérpretes. Os corpos de Ana Afonso, Andreia, Gaya, Joãozinho, Mafalda, Paulo e Valter são veículos de identidade: produzem imagens que não se esquecem, dizem-nos coisas que talvez não pensássemos escutar. O molde destes corpos é raro, insuscetível de categorização, com frequência remetido a uma invisibilidade que reconforta quem (não) vê e desestabiliza quem (não) é visto. Este lugar de conforto fica aqui deliberadamente vazio. Corpo Clandestino constitui um exercício de deslocamento e recomposição: coloca-se em cena o que habitualmente não é de cena; ajusta-se a atenção; encaixam-se peças físicas singulares. Em palco estão intérpretes cujos corpos não-normativos lançam o espectador, sem rede, numa paisagem poucas vezes vislumbrada – a de um corpo de baile configurado por oposição a classicismos e ideais. Em palco está afinal um só corpo, formado por sete peças verdadeiramente únicas. Esta criação de Victor Hugo Pontes repensa a normatividade dos corpos vigente até ao século XXI, propondo um caminho de comunicabilidade e partilha, alternativo a perspetivas reducionistas, padronizadas e inúteis. A partir do momento em que o ponto de vista do espectador passa a ser coincidente com o ponto de vista dos intérpretes, torna-se indisputável que todos podemos ocupar e partilhar o mesmo mundo, por mais diferentes que sejam os corpos de cada um.
Ficha Artística
Direção Artística Victor Hugo Pontes
Cenografia F. Ribeiro
Interpretação Ana Afonso Lourenço, Andreia Miguel, Gaya de Medeiros, Joãozinho da Costa, Mafalda Ferreira, Paulo Azevedo e Valter Fernandes
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