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07 Fev 2025 » 15 Mar 2025

Exposição de Hugo Brazão “Happily Ever After”

Galeria Balcony, Lisboa - Lisboa
R. Cel. Bento Roma 12A, 1700-165 LisboaGaleria Balcony, Lisboa
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publicado 05/02/2025

Happily Ever After

Em Happily Ever After, Hugo Brazão explora a relação entre o otimismo, a apatia e a obsessão cultural pelo progresso linear. Partindo do conceito de “otimismo cruel” 1de Lauren Berlant, a exposição desconstrói a crença generalizada numa resolução final—um ponto singular em que tudo finalmente se alinha. Em vez disso, o trabalho de Brazão posiciona este ideal como uma ficção insustentável, um enquadramento narrativo que obscurece os padrões cíclicos inerentes à experiência humana e reforça as pressões de uma positividade tóxica: a imposição social de manter o otimismo e a ilusão de que o esforço individual, por si só, pode superar desafios sistémicos.

A exposição apresenta uma série de esculturas de parede de pequena escala, que materializam narrativas imaginadas: um cão preso num anseio perpétuo enquanto observa pela janela (FOMO); um urso absorto num livro sobre tomada de decisões, mas irremediavelmente distraído; ou gestos evocativos de afastar o azar, como bater na madeira ou cruzar os dedos. Estas obras funcionam como artefactos especulativos de uma psicologia coletiva moldada por condições de precariedade.

No núcleo da exposição está Happily Never After, uma instalação em têxtil que evoca os ritmos cíclicos do calendário lunar. Contrariando o encerramento linear prometido pelos finais de contos de fadas, as fases da lua sugerem uma interação contínua de crescimento e declínio, de renovação e desgaste. Esta referência cosmológica desestabiliza a narrativa do tempo como um trajeto unidirecional, propondo, em vez disso, uma lógica temporal de retorno e renovação. Aqui, o ciclo lunar torna-se uma metáfora para uma contra-narrativa—uma que resiste à resolução e celebra a persistência da incerteza e do fluxo.

Ao posicionar gestos de esperança e atos de manutenção como mecanismos de estase, em vez de mudança, o trabalho de Brazão reflete uma luta coletiva com a incerteza, expondo as tensões entre os ideais culturais e as realidades de aspirações inacabadas e cíclicas. O que persiste quando a promessa do “felizes para sempre” se dissolve numa repetição infinita de finais adiados?


Hugo Brazão vive e trabalha em Lisboa. A sua prática artística estabelece-se entre a pintura, escultura e têxtil e desenvolve-se a partir do paradoxo ficção/realidade, reimaginando o material encontrado na sua pesquisa e procurando as possibilidades técnicas e as diferentes narrativas que são criadas em sua volta. Brazão concluiu o mestrado em Artes Plásticas com distinção na Central Saint Martins em Londres (2015) e licenciatura em Pintura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (2013). Recebeu o VIA Arts Prize 2018 em Londres, o Helen Scott Lidgett Studio Award em 2015 e participa regularmente de residências artísticas internacionais. Recentes exposições individuais incluem ”Toad on the moon” (2023), Galeria Casa A. Molder, Lisboa;  “Snake n a cookie jar” (2023), Galeria Voda Seoul, Coreia do Sul;  “Forrado” (2023) duo com Ana Vidigal, Centro Cultural Quinta Magnólia, Madeira; “What’s for dinner?” (2022), Balcony Gallery, Lisboa; “Cat Did It!” (2021), Commonage, Londres; “Out of sight, out of mind” (2020), Balcony Gallery, Lisboa; “Best foot backwards” (2019), Sala Brasil, Londres; “TAKE TEN” (2019), Las Palmas, Lisboa. Tem também exposto frequentemente em exposições coletivas no Reino Unido, Portugal, Espanha e Itália. Tem também participado em diversas residências artísticas na Alemanha, Noruega, França, Portugal e Reino Unido. Hugo Brazão está actualmente representado em coleções públicas e privadas.

Em Happily Ever After, Hugo Brazão explora a relação entre o otimismo, a apatia e a obsessão cultural pelo progresso linear. Partindo do conceito de “otimismo cruel” de Lauren Berlant, a exposição desconstrói a crença generalizada numa resolução final—um ponto singular em que tudo finalmente se alinha. Em vez disso, o trabalho de Brazão posiciona este ideal como uma ficção insustentável, um enquadramento narrativo que obscurece os padrões cíclicos inerentes à experiência humana e reforça as pressões de uma positividade tóxica: a imposição social de manter o otimismo e a ilusão de que o esforço individual, por si só, pode superar desafios sistémicos.

Inaugura dia 7 de fevereiro, sexta-feira, pelas 22h00 na Galeria Balcony, em Lisboa

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