Igreja Paroquial de Nossa Senhora das Neves
Informação
Esta igreja terá sido construída entre o final do terceiro e início do último quartel do século XV (1472 – 1480) pelo Contador Martim Vaz, casado com Isabel Botelho, (sobrinha em segundo grau de Gonçalo Velho Cabral), fidalgo que viveu aqui com a sua gente após ter sido nomeado por El-rei D. Afonso V no referido cargo, o primeiro a exercê-lo em todas as ilhas deste arquipélago. Seria já paróquia instituída no ano 1514? e em 1526, era vigário nesta paroquial Álvaro Annes, que segundo Gaspar Frutuoso foi o primeiro a servir nesta freguesia. De início tinha planta e estilo da época com as suas capelas e altares de invocações que o seu fundador e demais benfeitores tinham por devoção, ou sejam: as Capelas de Nossa Senhora das Neves, Nossa Senhora do Rosário e a S. Diogo, e os Altares de S. Cristóvão, Benditas Almas do Purgatório, Senhor Bom Jesus e Santo Antão.Entre finais do século XVI e início do XVII foram efectuadas obras de restauro na Capela-mor e sacristia, pagas pela Fazenda Real.
Por volta do ano de 1649 este templo encontrava-se muito danificado, pelo que os seus paroquianos solicitaram a El-rei D. João IV que o reedificasse. Não tendo obtido do monarca ordem favorável para o efeito continuou a sua degradação até que viria a cair por terra no início do século XVIII. Resolvendo-se a sua reedificação, construiu-se metade das obras e solicitou-se a sua majestade para a terminar, o que se veio a verificar por provisão régia de 18 de Agosto de 1732, D. João V mandava o provedor da Fazenda Real nas ilhas dos Açores proceder à arrematação das restantes obras, que terão terminado no ano de 1748. Na década de 1880, foi alvo de obras no frontispício principal ao nível dos portais, advindo destas a alteração do acesso principal com o arco da porta abatido, e a abertura das portadas que o ladeiam, em modesta interpretação de revivalismo gótico.
A sua planta é rectangular dividida em três naves compostas por altos pilares, espaço de elementar organização caligráfica, modelo de formulação erudita maneirista de tradição recuperada na segunda metade do século XVI. O seu interior é belo e imponente, onde se nota o barroco da primeira metade do século XVIII nos altos pilares das naves e nos belos exemplares das talhas dos Altares da Capela-mor, Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora do Rosário, sendo os do Sagrado Coração de Jesus (antigo altar de S. Diogo), S. José (antigo altar do Senhor Bom Jesus), o das Benditas Almas do Purgatório da segunda metade de setecentos e o de Santo Antão e S. Cristóvão do inicio de oitocentos. Importa no entanto sublinhar que após a sua reedificação se mantiveram as mesmas invocações.
Merecem ainda destaque duas pias de água benta em pedra dos séculos XV e XVI, a pintura sobre tábua de S. Cristóvão século (XVI / XVII), a escultura de Nossa Senhora das Neves, um painel de azulejos da parede exterior da Capela-mor, o imponente arcaz em madeira de pau-santo, com três magnificas telas, e um bufete existente na sacristia, exemplares também da primeira metade do século XVIII.
Mais recentemente durante a segunda metade do século XX, foram efectuadas grandes obras de restauro. Mas tendo-se sempre evidenciado o maior esforço para não alterar a sua traça que no seu todo constitui um importante testemunho do património artístico religioso dos Açores.
o Guia da Cidade agradece ao Sr. João Soares de Medeiros ( do Arquivo Histórico e Património da Paróquia ) a informação prestada