Artigo já terminou no dia 15/03/2020
Teatro: Beatriz, a Infeliz
Informação
Esta é a história de Beatriz, uma jovem e bela mulher, dada em casamento a Bartolo, um abastado proprietário, trinta anos mais velho. A ação decorre no Alentejo, em casa de ambos, no início do séc. XX. Bártolo era um homem mais virado para os negócios e para as viagens do que para a agricultura ou para o amor. Estas proporcionavam-lhe grande prazer, arrancando-o da monotonia da lavoura e da vida conjugal, marcada por uma grande diferença de “ardores”. Ausentava-se, por isso, frequentemente, deixando a sua jovem esposa muito bem guardada por Generosa, uma velha governanta, e por Cândido um jovem criado, no qual depositava a maior confiança. Certo dia, Bartolo é avisado de que deve partir imediatamente para fechar um negócio altamente lucrativo. Parte, pois, precipitadamente, deixando, como de costume, Beatriz à guarda de Generosa e de Cândido. E é neste momento que começa a história...
Para falarmos de assuntos sérios e de modo a
sermos ouvidos, a comédia é o veículo de excelência. Na Antiguidade Clássica,
os gregos já denunciavam os defeitos de caráter e os maus costumes dos Homens,
através do riso, transmitindo, nas suas comédias, muitas vezes de forma leve e
subtil, mensagens e conhecimentos que nos fazem refletir acerca de questões que
ainda hoje estão longe de serem resolvidas.
Esta peça de teatro é uma adaptação livre de “A Bela Béatrice”, sétima novela da sétima jornada de “Decameron”, a obra-prima de Giovanni Boccaccio, datada do séc. XIV... “que trata das boas partidas que, para defenderem o seu amor ou se salvarem a si próprias, as mulheres pregam aos seus maridos, conscientes ou não de serem enganados”.
Seis séculos decorreram já desde a época de Boccaccio, e este texto medieval não espelha uma realidade assim tão longínqua. Eu própria, nascida nos anos 60, conheci bem de perto as regras de conduta sufocantes e castradoras impostas às mulheres, bem como a severidade com que eram tratados quaisquer comportamentos femininos considerados “desviantes” em relação à norma. E estávamos nos anos 60! Não se torna, pois, supérfluo relembrar este passado que, de forma primorosa, bem humorada e permeada de ironia, Boccaccio nos oferece com a sua Beatriz, um exemplo da mulher capaz de hábil e inteligentemente reverter uma situação que lhe é desfavorável em seu próprio benefício. – Leonor Alcácer
Em exibição de dia 12 a 15 de março, na Sala Experimental no CC Malaposta!
QUI a SÁB – 21h00
DOM – 16H00
70 minutos | M/12
Preço único: 8€ com descontos aplicáveis